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Mulheres da Dicró

Por Nyl de Sousa (nyl@observatoriodefavelas.org.br) e Marina Xavier (marina@observatoriodefavelas.org.br)

Rio de Janeiro – Há 5 anos (quase 6) a Penha Circular, na região da Leopoldina, ganhava mais uma opção de cultura, lazer, formação e entretenimento: a Arena Carioca Carlos de Oliveira, Dicró. O homenageado é um dos ícones do Samba, que eternizou em seus versos a Praia de Ramos, dentre outros clássicos.

Mais do que mencionar esse espaço como “a Dicró”, por se tratar de uma Arena, a grande e ativa presença feminina na vida e no funcionamento deste espaço faz com que essa re significação seja natural, sem forçar a barra. Uma presença que fala por si e vem para matar preconceito, como diria outro samba, de Raul Di Caprio e Manu Cuica.

“No meu meio profissional os homens que imperam. Eu que sou mulher, negra e nordestina tenho sempre que mostrar que sou uma profissional acima de tudo. E das boas” ressalta Clésia Maria de Jesus, sergipana de 41 anos, eletricista e responsável pela manutenção da Arena. Antes de chegar, ela era responsável pela manutenção de 3 hostels e 2 academias.

Há um pouco mais de 1 ano na coordenação geral da Arena Dicró, Rebeca Brandão, 29 anos, que se encontrou na produção cultural quando se desencontrou da faculdade de filosofia, amplia a visão do que é ou não desafiador nesse espaço: “Aqui estou protegida. Aqui não é desafiador pra mim. Porque eu tenho outras mulheres comigo. nossa equipe é formada majoritariamente por mulheres. E a gente constrói junto isso. Aqui não rola assédio, a gente não permite, as pessoas se sentem pouco à vontade de serem escrotas dentro desse lugar e eu tenho orgulho de trabalhar nesse lugar por conta disso. Mas daqui pra fora, o mundo continua sendo igual” afirma.

Rosane Torres, carinhosamente chamada de Rose, é a liderança de outro setor fundamental para o funcionamento do espaço: a cozinha. “Cheguei na Arena através do trabalho que estava fazendo na Grande Rio. Uma amiga que conhecia alguém da Arena me apresentou a equipe, fiz uma feijoada aqui, arrebentei e fui contratada. A partir de então sou a responsável pelo boteco do Parque” relembra Rose, dona do feijão mais elogiado da Leopoldina e que segue buscando por uma superação própria diariamente, com muito amor pela arte de cozinhar.

E por falar em amor, Ana Paula Gualberto fala sobre a sua relação com o trabalho. “Comecei a pensar na produção de cultura mais como uma missão de vida do que um meio de vida” afirma a produtora que deixou a mecânica para trabalhar com produção de eventos. O fator determinante foi a realização de eventos no meio da pixação em paralelo com os convites para atuar como assistente em eventos de grafite.

Sua vinda para Arena foi como o encontro do jet com um muro recém pintado “o maior desafio que nós temos aqui é trabalhar o pertencimento com a população do entorno, porque em todos os outros termos eu sinto muito confortável em trabalhar aqui. É um ambiente muito agregador, no sentido que a equipe toda é muito coesa, acredita muito no que faz” finaliza.

Fica o convite: apareça na Dicró, o reino das amazonas na Leopoldina.

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