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21 Dias Contra o Racismo

Por Nyl de Sousa (nyl@observatoriodefavelas.org.br)

Rio de Janeiro – Iniciada em 2017, a campanha 21 Dias Contra o Racismo surge da necessidade de ampliar as datas onde se pensa e mobiliza ações para ampliar a luta contra o racismo estruturado na nossa sociedade, para além dos meses de maio e novembro. A iniciativa surge de integrantes do movimento negro, na liderança de Luciene Lacerda, Mestra em Saúde Coletiva na UFRJ. “Saí de uma reunião do Fórum Estadual de Mulheres Negras (FEMN) que tentava construir uma relação institucional com a ALERJ e não tínhamos tido uma reunião produtiva. Queríamos ter uma influência nas formulações de projetos de lei e orçamento que fizessem a diferença para as mulheres negras.” diz Luciene.

Os 21 dias que dão nome à campanha são em referência a data de 21 de Março, onde se celebra o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao Massacre de Shaperville, cidade da África do Sul, onde 69 pessoas foram assassinadas, e outras centenas feridas, por militares do Apartheid. Aproximadamente 20 mil pessoas estavam em um protesto contra a “Lei do Passe” documento que obrigava pessoas negras a estarem com identificação especial que limitava seu acesso e circulação na cidade.

A chamada para ação veio através do whatsapp: Luciene montou um grupo com 8 amigos pesquisadores de outras faculdades. De convite em convite, hoje o grupo tem mais de 200 pessoas. “O que foi muito importante é que muitas pessoas também sentiam falta de mobilizações coletivas, de conhecer, apresentar e trocar com outros ativistas da luta antirracista.” ressalta a militante.

Atividade no Parque Madureira

Atividade no Parque Madureira

“Nesses 3 anos estamos vendo um crescimento da campanha. No primeiro ano tivemos em torno de 103 atividades, no segundo em torno de 178 e agora a gente passa de 250” informa Sandro Lopes, um dos organizadores da campanha, responsável pela identidade visual.

Marielle, semente

Dos dias 7 a 27 de março aconteceram diversas atividades em todo Rio de Janeiro e em outros estados como Bahia, Ceará, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Na programação, ocorreram dias-chave visando uma convergência maior de grupos, como foi o caso do evento de abertura (7/03), o Dia Internacional da Luta das Mulheres (8/03), Celebração Marielle Semente (14/03), Homenagem a Claudia Silva (16/03) e Marcha dos 21 Dias (21/03).

Encruzilhada Feminina na Arena Carioca Dicró

Encruzilhada Feminina na Arena Carioca Dicró

“Apresentar o espetáculo dentro dessa programação também é uma forma de combater o racismo na sociedade brasileira” diz Rachel Barros, atriz do espetáculo Encruzilhada Feminina, que teve 2 dias de apresentação na Arena Carioca Dicró, na Penha Circular, zona norte do Rio. O espetáculo é escrito e dirigido por mulheres negras e encena situações de vivência de mulheres negras em uma sociedade racista e machista.

“Foi bonito. Nós não esperávamos de acontecer. Viemos com muita satisfação, para o evento que fizeram para minha esposa” declara Alexandre Silva, viúvo de Cláudia Silva, homenageada em uma das atividades no Parque Madureira. Cláudia teve seu corpo arrastado por um carro da Polícia Militar durante operação no Morro da Congonha, em Madureira, no ano de 2014. Uma das diversas vidas e histórias que são abreviadas no país onde a cada 100 assassinatos, 71 são de pessoas negras.

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