Rio de Janeiro – “Quais valores e hábitos de ser refletem meu/nosso compromisso com a liberdade?”. No livro “Ensinando a transgredir”, a escritora, professora e intelectual negra bell hooks nos incita a pensar a educação como uma prática da liberdade. Entre os conceitos, hooks destaca a importância da diversidade de vozes, que o ambiente educacional estimule a crítica e quão fundamental é que a busca pelo conhecimento seja prazerosa. A luz de seus ensinamentos, voltamos o olhar aos quase 18 anos de existência do Observatório de Favelas. Fundada por dois professores (Jailson de Souza e Silva e Jorge Barbosa) a instituição, hoje renovada, mantém firme seu compromisso com a educação. Uma educação que rompa estereótipos, que enfrente desigualdades e que se comprometa radicalmente com a liberdade. Uma educação transgressora.
A reportagem “Educação como ferramenta potencializadora da transformação”, a partir das experiências Conexão de Saberes, Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC) e Agência Narra explicita o compromisso do Observatório de Favelas, desde a fundação, com a formação de quadros para a cidade. “A questão educacional sempre foi uma perspectiva central para o Observatório de Favelas, nos constituímos como uma organização formativa, preocupada em formar cada vez mais pessoas nas periferias, produzir conceitos, metodologias, novas tecnologias sociais”, afirma Jailson de Souza e Silva.
Para além dos projetos específicos sobre educação, a formação é transversal a todos os eixos da instituição. A reportagem “Novas possibilidades para o Rio Metropolitano” se debruça sobre a exposição “Metrópole Transcultural” que esteve aberta ao público durante os meses de março e abril no Galpão Bela Maré. É possível perceber processos formativos durante todas as etapas: antes (Imagens da Metrópole – formação em fotografia realizada pelo Imagens do Povo), durante (Educativo Territórios de Afetos e Ativações do Galpão Bela Maré) e encerramento (Seminário Metrópole Transcultural).
E por falar em metrópole, o artigo “Políticas Urbanas para alargar a Cidade” encerra o Notícias e Análises do mês de abril. O texto apresenta o eixo de Políticas Urbanas da instituição. Assim como hooks, exalta a diversidade, o diálogo e o prazer. “É central na construção do espaço urbano a indagação se determinada estrutura ou equipamento é capaz de alargar a cidade ou se terá efeito contrário, restringindo-a”.
Ao entender a educação como prática libertadora é simples associar aos consecutivos ataques à educação em curso no país. Corte orçamentário de universidades federais, projeto escola sem partido, perseguição a professores entre outros são algumas das ações de um governo que celebra os horrores da ditadura. A partir da educação, seguiremos livres. Seguiremos transgredindo.
Boa leitura!